Adentro (tradução)

Original


Calle 13

Compositor: Eduardo Cabra / René Pérez

Sei que às vezes minhas rimas incomodam
Quando meus neurônios trabalham até eu me assusto
Minhas respostas podem ser tão agressivas
Que até as letras fogem de mim com medo de que eu as escreva

Não tenho rifles pra te matar, a melodia já basta
Converto letras em idéias como um ilusionista
Com uma linha te mato, te fraturo, te lesiono
E na próxima te ressuscito quanto te menciono

Isso faz parte da minha arte, que todo o mundo saiba
Que estas rimas são pra tu sem precisar te mencionar
Eu não faço isso pra evitar intrigas
Eu faço pra não te fazer famoso nos países onde ninguém te conhece

Depois de ver como funcionam as guerras e as guerrilhas
Você acha que eu vou ter medo de sua gangue?
Atire quando quiser rapperzinho meliante
Aqui não ganha o mais bandido, ganha o mais esperto

Na sua cabeça você é um traficante procurado pela polícia
E suas armas são como os unicórnios, de fantasia
Não há problemas em que você tenha inimigos imaginários
Mas sim que os moleques achem que tu é um mercenário

Tu não passou por três porras de dificuldades na vida
Não te faltou escola, não te faltou comida
Se o povo de congo tivessem tido suas chances
Estariam formados nas melhores universidades

Se te levo de excursão pra a central africana
Depois de ver a guerra você sai cantando líricas cristãs
Lá tua roupinha de rapper, teu bonezinho de beisebol
E tua correntinha de bandido se derretem com o sol

Eu te levo pra Síria pra que sinta os bombardeios
E veja como deixaram aos moleques sem braço
O que você vai fazer quando pegarem seu filho numa boate
E sem delicadeza com uma AK explodam sua cabeça?

Se apagarem teu irmão de forma violenta?
Ou se meterem bala na sua mãe com a curta e a 40?
Você é burro, escroto, rimando sobre como espalhar miolos
Em um país onde te matam por roubar um real

Eu não sou um santo rimando, muito menos cavalheiro
Alguma vez rimando enforquei dez marinheiros
Mas, nesse caso, é diferente incitar à desordem
Porque quando a tirania é lei, a revolução é ordem

Dentro, dentro
Bem dentro, eu deixei em você bem dentro

Quer me xingar? Aqui deixo algumas pistas.
Tenho medo de baratas e de lagartos
Não me tocam faz um ano na porra das rádios de Porto Rico
Já gravei cinco discos e ainda não sou rico

Alguns me chamam de comunista, demagogo, cem por cem
A extrema-direita me odeia, a esquerda radical também
Meu desempenho sexual está péssimo
Após zoar com os calvos

Eu estou ficando sem cabelo
Chamei de filho da puta o governador e ainda que merecesse
No fundo me arrependi e não disse isso até agora
Antes de compreender as desigualdades das pessoas
Comprei um Maserati usado que agora não funciona

Tenho fodido o crédito, não me vendem nem um café
Por isso pra pagar outra mensalidade prefiro andar a pé
Eu sou como os boxeadores, uso mal o dinheiro
Invisto tudo na minha carreira, porque a arte vem primeiro

Eu sou o mais lento da minha família, eu não sou brilhante
Eu luto pela educação e nunca foi um bom aluno
Eu tenho fobia de aviões
Eu gosto de política, mesmo dizendo que não me importo

As críticas me machucam
Meu melhor amigo foi morto em um quartel
Eu tenho muito para escrever, e pouco papel
Minha honestidade é transparente

Pode me ver por dentro só me olhando de frente
Você pode tratar de me xingar e começar a tentar
Ainda que, pra continuar sendo honesto, eu sou o melhor nisso

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